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Sesau realiza 1º Fórum da RAPS com ênfase na humanização da saúde mental – CGNotícias – hojems.com.br

A Prefeitura de Campo Grande, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), promoveu nesta sexta-feira (13) o 1º Fórum da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), com foco em um tema de grande relevância: a saúde mental. Com o tema “Saúde Mental Tecendo Rede”, o evento incentivou a reflexão sobre a importância de promover um cuidado mais humanizado e integrado, fortalecendo a rede de atenção e o apoio às pessoas que enfrentam desafios nessa área.

Presente no evento, a secretária municipal de Saúde, Rosana Leite, destacou os impactos comportamentais observados após a pandemia, que têm gerado consequências diretas para a população. “Vivemos uma espécie de transtorno pós-traumático coletivo. Algumas pessoas adotam comportamentos extremos, seja pelo excesso de cuidados, seja por um estilo de vida ‘desorganizado’, marcado pelo abuso de álcool e/ou drogas, e isso tem chamado a nossa atenção.”

Esses reflexos têm impactado diretamente os serviços de saúde, com aumento de casos de ansiedade e depressão, agravados pela rotina acelerada, cobranças sociais e a influência das redes sociais. “A sobrecarga de informação e a falta de orientação têm gerado consequências importantes. Precisamos olhar para a saúde mental de forma integrada, sem deixar ninguém para trás”, ressaltou a secretária.

Para a coordenadora da Rede de Atenção Psicossocial da SESAU, Gislayne Budib Poleto, o evento reforçou a importância da articulação entre diferentes setores. “Estamos aqui para melhorar o trabalho em rede. Isso inclui a atenção primária à saúde, urgência, ONGs, CRAS, CREAs e outras unidades. Nosso objetivo é formar uma grande teia de apoio que realmente faça a diferença na vida das pessoas”.

Ela também destacou que, somente em 2024, cerca de 200 mil atendimentos foram realizados nas unidades de saúde mental da cidade, abrangendo consultas médicas, psicológicas e oficinas terapêuticas. Apesar do volume expressivo, Gislayne admitiu que a demanda crescente, intensificada pelos impactos da pandemia, ainda representa um desafio significativo.

Avanços na Rede Psicossocial

O município tem investido em melhorias na RAPS. Entre as conquistas recentes estão:

Ampliação de leitos no Hospital Nosso Lar, com 16 novas vagas para internação.

Implantação do CAPS AD Guanandy, em outubro de 2023, voltado para usuários com problemas relacionados ao uso de substâncias psicoativas.

Realização de mutirões de saúde mental em áreas rurais e eventos do programa “Todos em Ação”.

Planejamento de novos serviços, como o CAPS Moreninha, já aprovado pelos Conselhos Municipal e Intergestores.

Ambulatórios especializados no CEM (Centro de Especialidades Médicas) também têm se destacado com iniciativas como:

Ambulatório LGBTQIA+

O médico psiquiatra Dr. Iago Davanço Nogueira, responsável pelo ambulatório LGBTQIA+ no CEM, destacou a proposta do serviço, que iniciou há cerca de seis meses. “Começamos com poucos pacientes, mas agora já temos atendimento constante. Além disso, realizamos capacitações em USFs para divulgar o serviço e orientar sobre o público-alvo. Estamos tratando transtornos relacionados ao estresse de minoria, que contribuem para quadros de ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático, frequentemente causados pela violência e discriminação enfrentadas por essa população”.

O atendimento ocorre dois dias por semana, com uma média de quatro pacientes atendidos por dia, enquanto casos de menores de 18 anos são encaminhados para o CAPS Infantil.

Transtornos Alimentares

A médica psiquiatra Bruna Ciabatari Simões Silvestrini Tiezzi destacou o trabalho no ambulatório de transtornos alimentares, voltado a pacientes com bulimia, anorexia e outros transtornos relacionados. “Atendemos pacientes acima de 16 anos que não apresentam transtornos graves o suficiente para encaminhamento ao CAPS. É um trabalho multidisciplinar que inclui avaliação nutricional, psicológica e psiquiátrica. Atualmente, temos cerca de 30 pacientes ativos, com seis novas vagas semanais”.

O acompanhamento é contínuo até que o paciente esteja estável, momento em que ele pode ser encaminhado para a rede básica ou CAPS, conforme a necessidade.

Projeto Paesca

A médica psiquiatra Monise Cristine Souza Paula apresentou o Projeto Paesca, que atende crianças e adolescentes vítimas de violência ou em situação de vulnerabilidade. “Atendemos o público com idade de 0 a 19 anos incompletos, oferecendo atendimento psicológico, psiquiátrico e suporte social. É fundamental que a rede de saúde esteja alerta para identificar sinais de violência e notificar casos, garantindo o suporte necessário”.

O projeto realiza busca ativa e avaliações em equipe, integrando psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros para discutir os casos e definir as melhores abordagens.

O 1º Fórum da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) destacou-se como um marco para o fortalecimento das ações em saúde mental na capital sul-mato-grossense. Com palestras, rodas de conversa e oficinas interativas, o evento teve como foco integrar os serviços de saúde mental e articular diferentes atores da rede pública e organizações parceiras, promovendo um atendimento mais eficiente e humanizado.

#ParaTodosVeremFoto Capa: Imagem do palco com palestrantes do Fórum e plateia.Foto1: Coordenadora da Rede de Atenção Psicossocial da SESAU, Gislayne Budib Poleto.Foto2: Médico psiquiatra Dr. Iago Davanço Nogueira.Foto3: Médica psiquiatra Monise Cristine Souza Paula.